Arouca

A tecelagem tradicional é um dos marcos identitários do artesanato arouquense, com raízes profundas na produção de linho. Desde a Idade Média, o cultivo e a fiação do linho foram incentivados, como demonstra o foral medieval de Burgo (1229). O linho era usado para vestuário, peças litúrgicas e enxovais, sendo tecido em teares domésticos ou por tecedeiras especializadas. Atualmente, esta tradição persiste através de oficinas como a Dobalinho e a Graçarte, bem como na Associação de Bordadeiras e Bainhas Abertas (ABBA).

A extração e o trabalho da pedra também marcam a identidade artesanal de Arouca. Desde o século XIX, a exploração de lousa em Canelas impulsionou a arte de construir telhados e fachadas em ardósia. A tradição da cantaria e da escultura em pedra ainda hoje é mantida por artesãos locais, como Ismael Soares e Michael Sweeny, que trabalham o granito e a lousa.

A madeira também é um material central no artesanato arouquense. A serração e o fabrico de mobiliário têm uma longa tradição, sendo que muitos móveis regionais foram feitos por mestres locais. Atualmente, artesãos como António Almeida e Joaquim Ferreira continuam a criar esculturas e miniaturas em madeira.

A doçaria conventual, originária do Mosteiro de Arouca, também faz parte do património identitário. Receitas preservadas pelas famílias locais garantem a continuidade de doces como o pão de ló de Arouca, as morcelas doces, os charutos e as barrigas de freira, cuja produção é assegurada por casas tradicionais como a Casa dos Doces Conventuais de Arouca.

Por fim, a produção de cestos em madeira de castanho, a confeção de calçado e a apicultura são outras práticas artesanais que reforçam a identidade de Arouca, evidenciando a ligação entre o saber ancestral e a natureza do território.